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Gestão: uma introdução |

A palavra
Gestão oriunda da palavra gerência, como define Aurélio (2010).
Gerir ou gerenciar atrela-se, naturalmente, ao exercício da livre tomada de
decisões, em condições eventuais de certeza, incerteza, instabilidade e
imprevisibilidade e sobremaneira ao alcance dos objetivos pleiteados para o
sucesso de uma Equipe, daí o seu grande desafio, como discute Andrade &
Amboni (2009).
Não há como falar
em Gestão se não falarmos de sua origem e de seus pressupostos teóricos. A
gestão, embora aqui tomada em sua especificidade – educacional - está atrelada à
Ciência Administrativa e aos seus embasamentos teóricos.
A Gestão atrela-se
ao surgimento da Administração, enquanto ciência. Podemos falar que vem em um
caráter embutido e pragmático, mas só ressoa como vocábulo comum ao processo de
gerenciamento de empreendimentos na fase mais contemporânea da Administração,
talvez pelas próprias nuances que a ciência ganhou e tomou formato de decisões.
Para Araújo (2010), a palavra Administrador acabou cedendo lugar a Gestor,
porque no passado as chamadas funções administrativas eram destinadas apenas ao
Administrador, hoje, entende-se que a gestão ocupa vários espaços, e todos os
gestores, sejam eles educacionais, de finanças, de marketing, hospitalares e
demais devem cumprir as funções que norteiam a ação, num primeiro momento,
delimitada como: planejar, organizar, dirigir e controlar, assunto que
discutiremos no decorrer deste capítulo.
Quando se fala em
gerenciamento, há que se atrelar alguns conceitos pertinentes e norteadores do
trabalho de um gestor. Seriam eles: Eficiência, Eficácia, Efetividade e Relevância.
Para Andrade &
Amboni (2009), esses são os termômetros de execução da arte Administrativa,
porém é bom verificar sua antonímia.
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Telescópio da Gestão |
A Eficiência está relacionada aos conceitos
da racionalidade econômica, aos meios, ou seja, à equação proporcional existente
entre custo /benefício, ou em outras palavras, o caminho que a organização pode
lograr ou escolher para o alcance dos resultados tracejados, a fim de produzir
um serviço ou produzir um bem. A idéia aqui perpassa pela coerência entre meios
e fins.
O alcance dos
objetivos de uma organização traduz o conceito de Eficácia.
Para Zey-Ferrel apud Andrade & Amboni (2009), a eficácia
pode ser entendida como a capacidade de que tem a organização em adquirir e
utilizar os recursos na persecução de seus objetivos. É como se criássemos um
medidor organizacional, seu espectro e sua razão de existir. Neste momento, pode
o gestor avaliar, por critérios práticos ou subjetivos, os resultados
alcançados, sendo este de caráter quantitativo e/ou qualitativo. Entende-se,
portanto, que a gestão é norteada não somente por decisões e sua aplicabilidade,
mas, sobretudo pelo avaliar constante de sua execução. A Gestão é contínua e não
pode ser mensurada, apenas, em momentos pontuais e estanques, mas em uma
constância natural de seus pressupostos, concilia-se dessa maneira o elo entre
eficiência e
eficácia.
Num mundo
globalizado, em que são estreitas as relações, não podemos imaginar um sistema
de gerenciamento, engendrado em si mesmo ou limitado em suas esferas internas de
atuação. A organização não se limita a si. Entende-se que numa sociedade de
organizações, como bem salientaram os Estruturalistas, a organização pertence a
uma dinâmica natural de inter-relações, encara-se de maneira mais explícita a
organização como um sistema aberto, com uma interface natural com o meio
ambiente. A Eficácia, agora, toma uma roupagem diferenciada, rompe lastros
internos e demonstra a capacidade que a organização tem de interagir com o meio
externo, surge, portanto, a efetividade demonstrando se os produtos
e/ou serviços prestados pelas organizações estão ou não
atendendo às necessidades e expectativas do mercado.
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O efeito |
No momento em que
o gestor utiliza-se da efetividade, pode obter e estar aberto
ao recebimento de feedbacks para o aperfeiçoamento contínuo de suas
atividades, buscando o aprimoramento das mesmas, antenado com o meio, suas
exigências, tendências. Nota-se, portanto, que a aplicação da efetividade
prioriza o impacto social da organização, seu desempenho é mensurado pelo grau
de aceitação de seus produtos e/ou serviços, pela sua capacidade de atingir
objetivos socialmente desejáveis, reforça Andrade & Amboni (2009).

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A relevância |
Contextualizando essa dinâmica,
percebe-se que a organização é uma entidade viva, bem definida por Morgan
(2006), no uso de atributos e metáforas precisas. Portanto, finalizando essa
discussão, a relevância parte do desempenho, do significado, do
critério de desempenho filosófico e antropológico, medido em termos de valor,
importância, ou da pertinência dos atos e fato administrativos para a vida dos
participantes do sistema organizacional, como bem assinalado por Sander (1982).
Ou seja, a relevância sugere a noção de ligação, de relação, de essência com
alguém ou algo. Balizadora de sua razão de existir, de sua importância para um
contexto macro: social, político e econômico.

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O planejamento |
Todo exercício de gerenciamento prenuncia
o uso de alguns atributos, tomados na literatura administrativa como funções do
gestor ou do administrador, compactada pela sigla PODC, esses itens são
fundamentais para o alcance das atividades anteriormente discutidas.
O PODC, desmembrado em sua essência, serve de suporte para o
dimensionamento das seguintes atividades: planejar, organizar, dirigir e
controlar, delimitam a ação da gestão para efetividade do processo, como bem
salienta Araújo (2010) e há que se considerar também uma razão lógica entre a
seqüência dessas funções.
O planejamento, ação precípua e necessária ao início de
toda e qualquer atividade sistematizada, diz respeito às implicações de ações do
presente para confluência do que será agregado no futuro. Planejar é antecipar.
Não é a ação, é a intenção. Define-se primeiro, onde se quer chegar para então
tomar decisões. O que? Quando? Quanto? Como? Por quê? São indagações propositais
e necessárias para o desenvolvimento de um planejamento.
Depois de traçadas
as metas organizacionais, é necessário efetivar ações para o planejamento,
chega-se ao ato de organizar, é também o momento de confluência
com a eficiência. O ato de organizar compreende a ação de distribuição de poder,
das tarefas, das responsabilidades e da prestação de contas; ele também expressa
a distribuição otimizada dos recursos da organização.
Bem, feito o
planejamento e se organizado frente aos recursos disponíveis, é hora dar a ordem
de comando, aqui assinala-se a liderança como norteadora das ações. A liderança
do sentido do convencimento, do levar avante um equipe e seus propósitos e
sobretudo fazer com que o objetivo seja agora coletivo, porque se precípua numa
ação de todos, de uma ação comum, afinal perpassa por um objetivo de uma equipe,
e é importante que os anseios sejam contemplados para efetiva motivação e
inclinação na efetividade e na perpetuação dos propósitos.
Se a ordem de
comando foi dada, no processo de gestão é importante um balizador de vigília, ou
seja, o controle como fonte necessária de fiscalização entre a
intenção, o almejado e o realizado. O ato de controle demonstra a
compatibilidade entre o que se planeja e o que se alcança. O produto principal
do controle é a informação.

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Cirque du Soleil |
Ao assistirmos este vídeo, verificamos a presença dos
princípios administrativos aqui estudados. O Cirque du
Soleil não é apenas um espetáculo primoroso porque assim se
tornou, mas assim se fez porque todos os precedentes necessários a sua
realização se fazem presentes, em outras palavras, além da competência e da
habilidade inerentes aos espetáculo circense, o PODC é um exercicio de fácil
verificação em sua constituição. Não há como não perceber também a idealização
prática dos elementos da eficiência,
eficácia, efetividade e relevância. Ou seja, é a Gestão Viva e
Exemplificada.
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Dinâmica da gestão |

Assinala-se que, a
gestão por ser contínua também é permeada por especificidades que lhe são
próprias. O ato de Administrar altera em função do grau de complexidade no qual
está inserido, por isso é imprescindível perceber que as decisões ocorrem em
níveis de gerenciamento e a cada um é delegado o grau de responsabilidade no que
se refere ao todo e ao que se inclui em cada patamar, daí por que se falar em
níveis de tomadas de decisão.

O nível
estratégico de uma organização está dimensionado em seus gestores
maiores, ou seja, aqueles, que ocupam lugar na alta cúpula, ou melhor, dizendo,
nos níveis gerenciais mais altos, nas posições estratégicas dentro das
organizações.
O nível
tático, como demonstrado da Figura 2, é representado pela gerência,
sendo o mesmo responsável pela articulação do que é pensado na esfera
estratégica e na realização no nível operacional. O nível tático ou gerencial
deve atuar como um multiplicador para assegurar o alinhamento estratégico entre
todos os níveis, é uma espécie de maestro, buscando a conciliação entre o que se
quer e o que se edifica.
Já o nível
operacional é formado pelo chamado “chão da fábrica”, que aqui trataremos como o
executor. É o nível que atrela para si a execução e a realização das atividades
cotidianas.
Para finalizarmos
este primeiro módulo de discussão, é importante que assinalemos também a
referência entre atividades fins e atividades meio. As atividades
fins, como bem assinala Andrade & Amboni (2009) são aquelas
vinculadas diretamente ao “carro chefe” da empresa. Por exemplo, em uma empresa
comercial, as atividades do departamento comercial podem ser preteridas como
finalísticas, por manterem uma relação direta com a razão de ser da organização.
Em uma escola, todo aparato pedagógico e voltado para os objetivos educacionais,
passam neste caso, a ser o objetivo principal de gestão, então, propor uma
educação de qualidade e atenta aos objetivos de cidadania, deve ser sua razão
precípua de existência, portanto, sua atividade fim.
As
atividades meio são aquelas que dão suporte ao desenvolvimento
das atividades fins. Por exemplo, as atividades contábeis servem de apoio para o
desenvolvimento das atividades comerciais. Já os trabalhos de Secretaria e
Alimentação Escolar, referendam atividades meio, para consecução de um objetivo
maior que é a Educação.
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Gestão Educacional |

Parafraseando o
educador Pedro Demo, a relação mais forte entre educação e desenvolvimento passa
pela questão da qualidade política, ou seja, pela competência humana de se fazer
sujeito capaz de escrever sua própria história. O melhor combate que a educação
pode travar é contra a pobreza política, no sentido de sedimentar a cidadania
crítica e prática voltada para projetos alternativos de desenvolvimento. O maior
problema social que ainda se tem a enfrentar é a ignorância, porque esta nega a
capacidade de cada um de encontrar soluções.
Conciliar Educação e Gestão tem sido tarefa nova e de enfoque inovador.
A Escola que albergava apenas livros, cadeiras, quadros e um sentido unilateral
de se fazer Educação, hoje, traz para si o desafio de conciliar o ato de Educar,
com o alcance de objetivos, além de assumir o desafio da gestão pela qualidade,
pelos resultados e por objetivos. Antes, a Gestão que estava atrelada apenas ao
enfoque limitado da Administração e suas organizações mais precípuas, hoje,
delineiam sobre a mobilização dinâmica e coletiva do elemento humano, sua
energia, sua proatividade e sua competência, como condições básicas para a
melhoria da qualidade de ensino e a transformação da própria identidade da
educação brasileira, que leva a termo e dimensiona também um contributo social
de relevada importância, por ser a Educação a mola propulsora das grandes e
maiores transformações sociais.
Para Luck (1998),
a Gestão Educacional deve ser entendida como uma dimensão e um enfoque de
atuação que tem como objetivo a promoção da organização, da mobilização e da
articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir
o avanço dos processos socioeducacionais das instituições de ensino. Em linhas
gerais, a gestão educacional no novo tempo é caracterizada pela reconhecimento
da importância da participação consciente e esclarecida dos seus agentes, é o
fortalecimento da democratização do processo pedagógico.
Expandindo o mesmo
conceito, Sousa (2008) nos chama a atenção para a democratização da Gestão
Educacional. O autor referenda o romper do termo Administração Escolar para
Gestão Educacional, entendendo o mesmo não ser este apenas uma ruptura de
terminologia, mas sobretudo como uma adoção logosófica, ou seja, altera-se o
termo e muda-se a forma de conceber a idéia, parte-se para um novo parâmetro de
significados, ações e posturas. O Gestor Escolar como afirmado em um trabalho
conjunto com o MEC e a UNESCO é
cada vez mais obrigado a levar em consideração a evolução da idéia de democracia
e gestão. Avança-se no conceber e no edificar. Isso nos permite pensar em Gestão
Educacional no sentido de uma articulação consciente entre ações que se realizam
no cotidiano da Instituição de Ensino e o seu significado político e social.
Acrescenta-se aos objetivos da Instituição de Ensino o Exercício de Educar e o
despertar para o papel do indivíduo e o exercer de sua cidadania, sejam eles
gestores, professores ou estudantes.
Segundo Luck
(1997), a dinâmica intensa da realidade e seus movimentos faz com que os fatos e
fenômenos mudem de significado ao longo do tempo; as palavras usadas para
representá-los deixam de expressar toda a riqueza da nova significação.
Partindo da
literatura metafórica de Morgan (2006) e de seus pressupostos teóricos, ousa-se,
sem duvidar do seu efeito, a posse da contextualização dos sistemas educacionais
e dos estabelecimentos de ensino como unidades sociais, como organimos vivos e
dinâmicos e como tal devem ser entendidos. É bom ressaltar, que a proposição,
ora aqui descrita, não quer apenas a substituição de vocábulos e/ou
terminologias, ou apenas rompimentos de acervos semânticos, nem sequer propor o
depreciar da administração enquanto gênero, mas sim um inclinar a novas posturas
e novas concepções, dinamicidade como força na construção de uma nova realidade
para educação brasileira. A Gestão Educacional não prescinde, nem extirpa a
ótica da administração educacional, apenas a supera dando um novo significado,
mais abrangente e potencialmente transformador.
A Gestão
Educacional tem parâmetro contemporâneo, como já assinalado anteriormente, não
era prática constante nos estabelecimentos de ensino, que até então via seu
processo de maneira unilateral e centralizador em si mesmo. Seu direcionamento
é, portanto, ainda, um grande desafio, posto a sua recente inserção nos moldes
da educação brasileira. Se no presente se faz assim, podemos também dizer que o
futuro emerge albergar para si tantos outros reptos, posto que a gestão, ora se
faz presente, buscando contextualizar e edificar a qualidade como mediadora de
processo. Visto que esta se propõe a uma dinâmica que lhe é peculiar, e a gestão
é por si mesma movida por mudanças, o que se instala é um novo descortinar, um
construir para se edificar, para orientar resultados, isto é, um modo de ser e
de fazer concatenado por ações conjuntas, associadas para um objetivo comum.
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Gestão Educacional: um desafio plural |
O vídeo acima tem
como intuito despertar o efetivo papel da Gestão Educacional, permitindo
verificar que sua ação é uma atividade plural, que precisa ser dinamizada pelos
seus atores e responsáveis, e que na sua construção o individualismo e ações
unilaterais não existem ou não se combinam.
A Gestão
Educacional constitui uma dimensão importantíssima para a Educação, uma vez que,
por meio dela, a Escola e os problemas educacionais são visto de maneira global
e pela visão estratégica e de conjunto visa-se capturar e promover ações
interligadas, tal como uma rede, os problemas que, de fato, funcionam de modo
interdependente, como bem assinala Luck (1998).
Salienta-se que a
Gestão Educacional é uma atividade meio, uma propulsão de
caráter administrativo, que pode vir a ser ferramenta de propulsão de melhorias
nas instituições de ensino, desde que bem orientada e aplicada e não uma
atividade fim. Reforça-se que a atividade fim da gestão é a
aprendizagem, o livre exercício da cidadania pelos estudantes, de modo que,
cotidianamente vivenciem na escola e desenvolvam competências e habilidades que
a sociedade conclama, tais como: pensar criativamente; analisar informações e
proposições diversas, de forma contextualizada e crítica; expressar ideias com
clareza; ser capaz de resolver problemas e conflitos através de decisões
fundamentadas, dentre muitas outras sempre pleiteando o exercício da cidadania
responsável.
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Pedagogia e Gestão: um enlace perfeito |

Como bem sabemos,
a Pedagogia é a ciência que tem por objeto de estudo a
educação. A palavra Pedagogia tem origem na Grécia Antiga, paidós
(criança) e agogé (condução). No decurso da história do Ocidente, a
Pedagogia firmou-se como correlato da educação é a ciência do ensino. Há que se
considerar que o ato de Educar é um fato social, cuja origem está ligada à da
própria humanidade. A compreensão do fenômeno educativo e sua intervenção
intencional fez surgir um saber específico que modernamente associa-se ao termo
pedagogia e que faz da mesma protagonista da essência dos estabelecimentos de
ensino, que ora se propõe a um dimensionamento social e político efetivo, agindo
para a tranformação, antenado à globalização e seus efeitos, à participação
coletiva e consciente, à praxis e à cidadania.
Do outro lado,
como já discutido com afinco, está a Gestão, inclinada a novos propósitos,
rompendo a essência outorgada pela antiga Administração Escolar, que se limitava
aos preceitos clássicos, restringia por ora a um entendimento tradicionalista,
marcado pelo autoritarismo, pela centralização de decisões e pela reprodução
unilateral de acertos, erros e conveniências, um gerenciamento outora pouco
fundamentado na política e no compromisso social. A Gestão Educacional
inclina-se para a construção de um novo paradigma, de construção de um novo
momento da educação brasileira. Regimenta-se pela dimensão política e social,
pela ação da transformação, pela propulsão da cidadania consciente, pela praxis
e pelo cuidar do bem-estar da educação, por entender esta como o caleidoscópio
próprio de nuances e transformações de desenvolvimento de uma sociedade mais
justa e igualitária.
Em um entre tantos
outros propalados, o Educador Paulo
Freire (2002), caracteriza a Educação como um processo
contínuo e diretivo, responsável pelo desenvolvimento do ser humano em
sociedade. Como processo, dizia o autor, age com o poder de elaborar e de
modificar comportamentos, podendo ser considerada como fator de mudança, por
isso diante da situação da sociedade brasileira e do momento emergencial que
esta mesma conclama intervenções eficazes e efetivas, “embora não podendo tudo”,
mas “podendo alguma coisa”, Freire (2002), ressalta que a educação possui
fundamental importância, é um mecanismo de, mesmo que lentamente, modificar a
herança opressiva, que não só os pobres e miseráveis carregam introjetada, há
séculos em seu “eu”.
Ressalta ainda o
referido Educador, que a “inexperiência democrática”, com a qual o povo vai se
acostumando a conviver, está enraizada na forma de agir, o que pode ser
percebido tanto nos oprimidos como nos opressores, embora estes, em situação
talvez um pouco mais cômoda, vistam uma roupagem do autoritarismo: “sabes com
quem estás falando?”. Por este prisma, conclama-se a imergir para a construção
do processo educacional que se faz necessário ou conveniente, posto que a
Educação em essência não é neutra. Seria ela portanto, de domesticação? Seria
ela alienadora? Ou seria, a mais sonhada de todas: a Libertadora?
Portanto,
leitores, o que se converge aqui é um convite à logosofia, um olhar para a vida, seu compartilhamento e suas
dimensões, propondo-se ao novo e ao que este, pode acrescentar em mudanças
oportunas. Crê-se, portanto, que a combinação entre Gestão e Pedagogia é
harmônica e necessária. Pensar a Educação e gerir suas atividades - fim e meio -
oportunizando contributos e ganhos, é demasiadamente motivador e por que não
dizer oportuno: emerge-se da utopia o direito à realidade.
Nesse processo de
construção da gestão educacional, não se cede lugar a alguns entraves, a
vitimização é um deles. Portanto, dizer que não é possível, que
o sistema não ajuda, que nada se espera de diferente ou inovador, ou que o aluno
não aprende, são realmente expressões e jargões já sem consolidação neste novo
espaço, e não congruência para sobrevivência deste tipo de pensamento. Ou seja,
à medida que a escola se fortalece e que o plano de gestão e o plano pedagógico
do estabelecimento de ensino se funtamentam, não se refuta, sob hipótese alguma,
a ideia de que o estabelecimento de ensino está pronto e acabado e que seus
membros gestores e docentes tem agora o poder de influência, ou muito pouco,
esses membros se consideram responsáveis pela qualidade do trabalho
desempenhado. No processo ora descrito, o individualismo também não encontra
espaço para a sobrevivência, como salienta Senge (1992), "quando os membros de
uma organização concentram-se apenas em sua função, ele não se sentem
responsáveis pelos resultados quando todas as funções atuam em conjunto" (Senge,
1992, p. 29). Em conseqüência, é da maior importância, a conscientização da
necessidade de redefinição de responsabilidades e não a redefinição de funções.
Aquelas centram-se no todo; estas, nas partes isoladas.

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Gestão Partilhada |
Neste propósito é
emergente considerar que embora estejam desenvolvendo ações diferenciadas –
ações pedagógicas e/ou gestão educacional – ambas convergem para um mesmo fim,
ou seja, a edificação de um projeto educacional estratégico e diferenciado,
comprometido com o contexto social e o legado a ele deixado. A Harmonia se faz
presente, a partir do momento em que cada um se permite num sapateado tênue e
preciso reverenciar seu contributo para o anseio coletivo, abrindo alas para a
participação de todos os integrantes, e entendendo de sobremaneira que o todo é
sempre maior do que a simples soma das partes, mas que a efusão e o repto são
norteadores precípuos de um trabalho de Equipe. Sapateemos em Equipe!
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Gestão Educacional, Administração Estratégica e Plano Pedagógico |
Ao delinearmos com
propósito, a Gestão Educacional e seus desafios, conciliando a prática
pedagógica com os objetivos preteridos por uma Educação mais comprometida, mais
humana e mais cidadã, a integração exigida e conclamada nasce de uma dinâmica
peculiar e necessária: a junção entre os preceitos
administrativos e a Estratégia necessária ao alcance daquilo que se
espera alcançar para o sucesso de uma Equipe, e aí retoma-se com efeito os
conceitos introdutórios deste módulo para introduzirmos o termo Administração
Estratégica.
Administração Estratégica
é um processo que envolve as cinco funções administrativas, são elas:
atividades de planejamento, organização, direção, coordenação e controle
, tendo esta política o intuito de atingir os objetivos organizacionais. A
Administração Estratégica é definida como um processo contínuo e interativo que
visa manter uma organização como um conjunto apropriadamente integrado ao seu
ambiente. No passado, o processo de administração estratégica era influenciado
em grande parte pelo departamento de planejamento das organizações. Os
integrantes desses departamentos eram envolvidos pelo projeto e implementação
dos sistemas de administração estratégica dentro de suas organizações.
Entretanto, mais recentemente, os departamentos de planejamento perderam um
pouco de sua influência (CERTO, 1993).
Há que se
considerar um distanciamento de conceito e aplicabilidade entre Administração
Estratégica e Planejamento Estratégico, muitas vezes, utilizados como sinônimos.
A priori, o que mais se pontua é que o primeiro é mais abrangente, enquanto, o
segundo encontra-se inserido como recorte deste. KOTLER (1975), um dos
defensores da sua utilização, propõe o seguinte conceito: “O Planejamento
Estratégico é uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser
seguida pela Organização, visando maior grau de interação com o ambiente”. A
direção engloba os seguintes itens: âmbito de atuação, macro políticas,
políticas funcionais, filosofia de atuação, macro estratégia, estratégias
funcionais, macro objetivos, objetivos funcionais.
Tomando por base
este memorial, retoma-se aos estabelecimentos de ensino e sua nova propulsão
educacional, ou seja, o compromisso com a sociedade e o papel da Gestão
Educacional como mediadora deste momento de transformação. Propondo-se a pensar
a Gestão de Estabelecimento de Ensino por metodologias e princípios
administrativos, a Administração Estratégica insere-se no cenário, permitindo
que as bases construtivas e delimitadoras se façam presentes para a edificação
do referido trabalho. Começar pelo planejamento e ser direcionado pelos demais
pilares administrativos, é fonte precípua e fundamental para que ao iniciar o
referido processo, dê-se conta que empirismo e a notável e tradicional
experiência, cede lugar a ciência, seus preceitos e sobretudo à lógica de uma
pensamento instigado a um propósito e a vários acertos, o que se espera.
Dentro do cenário,
o Projeto Político Pedagógico, nada mais é do que um ordenamento de ações,
particularizadas, pensadas e precisam ser eficazes e efetivas, ou seja, tudo o
que se esboçou, documentou e postulou, precisa ganhar ânimo, fazer acontecer,
ganhar corpo e se estabelecer. Justamente, por este processo a Gestão ganha
vida, ganha significado e torna-se dinâmica e imprescindível.
DEMO (l998), assim se refere a essa questão:
Existindo projeto pedagógico próprio, torna-se bem mais fácil
planejar o ano letivo, ou rever e aperfeiçoar a oferta curricular, aprimorar
expedientes avaliativos, demonstrando a capacidade de evolução positiva
crescente. É possível lançar desafios estratégicos, como: diminuir a repetência,
introduzir índices crescentes de melhoria qualitativa, experimentar didáticas
alternativas, atingir posição de excelência.
O que suscita o
autor? Uma verdade que remonta e consolida tudo aqui discutido. O PPP é o anseio
democrático de uma Instituição de Ensino, através do qual a Gestão é conduzida
naturalmente para um alvo coletivo, vontades de uma comunidade, e um norteador
de decisões e encaminhamentos. Para que se atinja os objetivos pleiteados, nada
é mais natural do que o uso e o exercício livre da Administração Estratégica,
que ganha significado frente a um planejamento que orienta onde a Instituição
quer estar, o que quer ser.
O sucesso, a
unidirecionalidade, a homeostasia ou a negativa de todos deverá ser fruto do
processo decisório aplicado em relação às programações que poderão vir a ser
estruturadas da seguinte forma: linhas de ação, ações concretas, atividades
permanentes e determinações; que deverão ser concebidas pela comunidade
educativa como resposta de sua participação na construção do Projeto Político
Pedagógico.
O certo é que não
se pode conceber uma Gestão Educacional, conciliada com os novos desafios das
práticas pedagógicas, se ela não está alicerçada na Administração enquanto
ciência e deste modo, o legado aqui feito é apenas o começo para tantas e outras
discussões pertinentes e necessárias ao efetivo merecimento de um projeto
educacional mais justo e igualitário, de uma sociedade que reflita em si a
competência e o exercício da cidadania com responsabilidade, e como Educadores
ou membros participantes deste novo cenário, somos mais do que agentes: somos
autores da nova história da Educação no Brasil. Só
basta querer começar, habilidade já temos.

Pensamos, até
aqui, muito em Gestão Educacional, seus propósitos e seu alinhamento com os
objetivos de uma instituição. Mas não é comum, ainda, que esta mesma dimensão
seja tratada com tamanha naturalidade quando o assunto é Educação à distância.
Embora, seja de extrema importância para os gestores, ainda precisamos instigar
mais a referência deste referido tema nas ações destacadas pelas instituições
fornecedoras desse tipo de capacitação no Brasil. O gestor precisa perceber que
sua ação não pode ser unilateral e que o trabalho em equipe, de sobremaneira,
reforça o que adiante será visto como esforço coletivo.
Talvez pensar em
interrogar-se para melhor compreender o cenário onde estas Instituições EADs estão inseridas, seja fundamental para a
compreensão do todo. A Gestão Educacional precisa ser alicerçada nos desafios
inerentes ao seu contexto específico, não deve ser dissociada do planejamento
pedagógico, como discutimos até então, e se fortalece a cada momento em que as
suas ações sejam compartilhadas e que o ensejo estratégico esteja sempre voltado
para o anseio do grupo e do seu sucesso.

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Referências |
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Elsevier, 2009.
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a escolha de um caminho profissional. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
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da Educação Nacional, n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Acessado em 16
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CERTO, Samuel; PETER, J. Paul. Administração estratégica. São Paulo: Makron
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LÜCK, Heloísa. A dimensão
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SENGE, Peter. A quinta
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Paulo: Best Seller, 1993.
STRECK, Danilo et al. (orgs). Leitura de Paulo Freire: contribuições para o
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VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto Político Pedagógico: uma construção
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VIEIRA, Sofia Lerche.
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