A cibercultura em tempos de mobilidade. A
mobilidade antes e depois da conectividade em rede.Convergência de
mídias e seus potenciais na mobilidade. Apropriação social dos
dispositivos móveis e das midias. Educação e midias móveis.
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Aspectos sociotécnicos e culturais da mobilidadeia ______________________________ |
Além
do desenvolvimento tecnológico e do acesso de boa parte da população a
esses recursos, vivenciamos um crescente movimento de redes educativas
que articulam e fazem convergir o ciberespaço e as cidades. As noções de “redes educativas” e de espaços multirreferenciais de aprendizagem dão conta dos espaçostempos plurais e diversos, onde os praticantes ensinamaprendem
instituindo itinerâncias cotidianas no e com o mundo. Num primeiro
momento dos estudos sobre cibercultura, o ciberespaço e seus usos eram a
centralidade das discussões. O ciberespaço era visto e pensado como um
“espaço acima do mundo físico, no qual a informação está livre de
constrangimentos materiais e geográficos e dos monopólios dos
privilégios, informação disponível ao acesso de todos, nos fluxos de uma
mente e outra compondo uma rede coletiva desvinculadas das cruéis
contradições do mundo dito real”. (Santaella,
2010,p. 68). Atualmente temos a hibridação entre cidades e ciberespaço,
graças a emergências das midias sociais e dos disposítivos móveis. Este
processo vem desafiando as práticas pedagógicasna cibercultura. Para
saber mais veja a Série: "Cibercultura: o que muda na Educação" do
Programa Salto para o Futuro.
Veja e baixe os programas no site: http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/boletins.asp
Programas:
1º Programa http://www.youtube.com/watch?v=AoR8Bfo4pG4
2º Programa http://www.youtube.com/watch?v=c-NreGRqHuw
3º Programa http://www.youtube.com/watch?v=qDUDYrRS8Eo
4º Programa http://www.youtube.com/watch?v=AIA1ncR3T4Y
5º Programa http://www.youtube.com/watch?v=NSOQFkoZ3RY
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Tipos de mobilidade ______________________________ |
A evolução dos computadores, dos dispositivos e das conexões móveis, das mídias sociais
que se comunicam em rede e a convergência de mídias, o cérebro
movimenta-se juntamente com a atividade corporal em movimento nas
cidades (Santaella, 2007). Mobilidade é uma das palavras-chave da cibercultura atual. Por outro lado, não é uma noção nova. Lemos (2008) nos apresenta pelo menos três tipos de mobilidade:
1- a mobilidade física/espacial (locomoção, transportes)
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2- a mobilidade cognitiva/imaginária (pensamentos, sonhos, religião)
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3- a mobilidade virtual/informacional | ![]() |
Esta última vem potencializando as práticas culturais do nosso tempo.
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Dos meios de comunicação doméstica à conexão generalizada ______________________________ |
Se
analisarmos a emergência dos meios de comunicação domésticos anteriores
a internet, já contávamos com mídias móveis, a exemplo do rádio de
pilha, que permitiu que carregássemos o som em nossos corpos para além
do som controlado nos aparelhos fixos de casa. Se voltarmos um pouco
mais na história, podemos citar os livros e outros impressos (jornais,
revistas) também como exemplos de mídias móveis. O que muda
com a cibercultura é que mais que a portabilidade das mídias nas
cidades, temos a nosso favor a conectividade com o ciberespaço e neste
com as cidades.
Em
tempos mobilidade e de conexões generalizadas e em rede, podemos
compartilhar e acessar simultâneamente vários lugares. Estamos diante da
potencia da ubiqüidade. Nos esclarece Santaella “a ubiquidade destaca a
coincidência entre deslocamento e comunicação, pois o usuário
comunica-se durante seu deslocamento. A onipresença, ao contrário,
oculta o deslocamento e permite ao usuário continuar suas atividades
mesmo estando em outros lugares”. (Santaella, 2010, p. 17).
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Mais acessos a mobilidade conectada ______________________________ |
Segundo
Ferrari (2007), o crescimento da comercialização de notebooks, laptops,
celulares e PDAs (Personal Digital Assistants), aliado aos avanços
vertiginosos das operadoras de telefonia, integradores e provedores de
aplicações, conteúdo e serviços, coloca o Brasil, ao lado da China, em
uma projeção de crescimento acima de 50% ao ano para o setor móvel.
V
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Convergência de mídias: potenciais da mobilidade______________________________ |
A convergência midiática
não é uma noção exclusiva da cibercultura. Se analisarmos do ponto de
vista da linguagem podemos situar os meios impressos como primeiros
exemplos. Num texto de jornal, por exemplo, já contamos com uma
infinidade de linguagens (textos, imagens, gráficos) numa mesma
interface. Os meios audiovisuais avançam para a integração de textos,
imagens e sons num mesmo suporte a exemplo do cinema e da TV. Por outro
lado, é na cibercultura que chegamos ao ápice da convergência de mídias.
O celular ou tablets mais atuais integram num mesmo suporte
diversas mídias (câmera fotográfica, filmadora, gravador de som, web com
suas interfaces e redes sociais) e estas com o ciberespaço com as cidades (aqui já temos um plus em relação aos dispositivos móveis, as mídias locativas).
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Case 1: o social se apropriando da mobilidade conectada ______________________________ |
Em
abril de 2010, o Brasil acompanhou durante pelo menos dois dias alguns
constrangimentos sofridos na cidade do Rio de Janeiro por conta do mal
tempo geográfico. Cidadãos cariocas inundaram a internet e as redações
das agências de notícias com imagens (estáticas e dinâmicas – fotos e
vídeos) tiradas com seus dispositivos móveis. O fenômeno chamou tanta
atenção que virou notícia “Internautas e vídeos colaborativos” num programa de TV por assinatura, “Entre Aspas” da Globo News (Ver link: http://globonews.globo.com/platb/entreaspas/2010/04/08/internatas-e-videos-colaborativos/
). Fenômeno similar aconteceu no inicio do ano de 2011 com a tragédia
sofrida por moradores da região serrana do estado do Rio de Janeiro. O
mundo acompanhou a tragédia e seus desdobramentos nas cidades e no
ciberespaço em diversas interfaces, repositórios e redes sociais online.
Vejam a segui um exemplo:

Um
cidadão comum fotografou a cidade no momento da tragédia, produziu um
vídeo com o material fotográfico e o fez circular na rede através do
repositório de imagens e rede social Youtube. Este vídeo
chamou nossa atenção também pelo fato do autor, Rodrigo, deixar a sua
assinatura na forma do seu endereço eletrônico ( rodrigofs2904@hotmail.com), demarcando assim não só a autoria do artefato, como também deixando
o canal de comunicação aberto com seus possíveis interlocutores. Aqui
temos um exemplo concreto de que os praticantes na e da cibercultura
entendem a “liberação do pólo da emissão” para além da lógica da difusão
da informação, mas também como possibilidade concreta de comunicação em
rede.
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Case 2: Educando com os potenciais da mobilidade ______________________________ |
Aprendendo com o cinema: para além dos muros da escola
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Nos espaços de formação de professores é comum o uso de narrativas cinematográficas para a promoção de debates, análises e atividades que ilustrem práticas pedagógicas ou “modelos” de professores obstinados pela docência. Quem já não discutiu “Sociedade dos Poetas Mortos”, “Ao mestre com carinho” e até mais recentemente “Escritores da Liberdade”? Quem não teve oportunidade de assistir, pelo menos, já ouviu falar... |
Em “Entre os muros da escola”,
estudantes de e com culturas e atitudes plurais contribuem para tornar a
sala de aula uma arena onde a diferença é o principal instrumento do debate-embate.
O exercício da alteridade, do aceitar e ser aceito pelo outro é um dos
principais argumentos desta narrativa cinematográfica. François, o
personagem-professor, também é protagonista no exercício da alteridade.
(Santos, 2010). Mas não é exatamente sobre o conteúdo geral da narrativa
que queremos destacar aqui. Queremos
ressaltar o uso do celular como dispositivo móvel, promotor da autoria
do aluno. Este artefato cultural, muitas vezes é proibido na escola.Uma
pena...
Com os potenciais da mobilidade, a
sala de aula convencional pode e deve sofre mudanças em sua
arquitetura, nos modos e nos meios de comunicação e nas prática
pedagógicas. Vejamos cena do filme onde o professor aproveita a autoria
do aluno estruturada pelo celular.
Cena 1- "professor solicita tarefa do auto-retrato" -
Cena 2 - "cena no laboratório de informática - autoria do aluno com celular" -
***Vale
a pena locar o filme e assistir por completo. Marque , se possível, um
encontropresencial com seuscolegas de turma e assistam juntos! Bom
filme!
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Convite ao fórum de discussão online ______________________________ |
Conforme vimos no trecho do filme
"Entre os muros da escola", o aluno criou seu “auto-retrato”, atividade
proposta pelo professor, protagonista da narrativa, utilizando o celular (recursos de fotografia) para registrar seu cotidiano de forma autoral e singular. Perguntamos:
- Que outras situações de aprendizagens poderão ser promovidas com as mídias móveis na escola e nas cidades?
- Que tal compartilharmos outras experiências com uso da mobilidade?
- Como você pensa em desenvolver situações de aprendizagem que lancem mão dos potenciais da mobilidade?
- Que tal aproveitar os debates online para cocriarmos um “banco” de atividades e projetos didáticos que utilizem dispositivos móveis?
Concluindo para acessarmos outras conexões
Enfim, estas e outras questões não
precisam ser respondidas agora. Mas poderemos com elas desenvolver
outras discussões em nossos espaços móveis de educação, na escola, nas
cidades e no ciberespaço. Vamos agora debater em nosso fórum de
discussão online? Sua docencia online e os colegas de turma esperam por
você. Vamos ao debate!
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Referenciais ______________________________ |
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CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1: artes de fazer. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
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