sexta-feira, 6 de julho de 2012

Aprendizagem com mobilidade - potenciais da cibercultura



A cibercultura em tempos de mobilidade. A mobilidade antes e depois da conectividade em rede.Convergência de mídias e seus potenciais na mobilidade. Apropriação social dos dispositivos móveis e das midias. Educação e midias móveis. 


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Aspectos sociotécnicos e culturais da mobilidadeia
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Além do desenvolvimento tecnológico e do acesso de boa parte da população a esses recursos, vivenciamos um crescente movimento de redes educativas que articulam e fazem convergir o ciberespaço e as cidades. As noções de “redes educativas” e de espaços multirreferenciais de aprendizagem dão conta dos espaçostempos plurais e diversos, onde os praticantes ensinamaprendem instituindo itinerâncias cotidianas no e com o mundo. Num primeiro momento dos estudos sobre cibercultura, o ciberespaço e seus usos eram a centralidade das discussões. O ciberespaço era visto e pensado como um “espaço acima do mundo físico, no qual a informação está livre de constrangimentos materiais e geográficos e dos monopólios dos privilégios, informação disponível ao acesso de todos, nos fluxos de uma mente e outra compondo uma rede coletiva desvinculadas das cruéis contradições do mundo dito real”. (Santaella, 2010,p. 68). Atualmente temos a hibridação entre cidades e ciberespaço, graças a emergências das midias sociais e dos disposítivos móveis. Este processo vem desafiando as práticas pedagógicasna cibercultura. Para saber mais veja a Série: "Cibercultura: o que muda na Educação" do Programa Salto para o Futuro.
Programa TV Escola lançou uma série muito rica intitulada “Cibercultura: o que muda na Educação” que conta com a participação e autoria de importantes professores e pesquisadores da área de educação online.
Veja e baixe os programas no site: http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/boletins.asp
Programas:


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Tipos de mobilidade
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A evolução dos computadores, dos dispositivos e das conexões móveis, das mídias sociais que se comunicam em rede e a convergência de mídias, o cérebro movimenta-se juntamente com a atividade corporal em movimento nas cidades (Santaella, 2007). Mobilidade é uma das palavras-chave da cibercultura atual. Por outro lado, não é uma noção nova. Lemos (2008) nos apresenta pelo menos três tipos de mobilidade:

1- a mobilidade física/espacial (locomoção, transportes)
meios de transportes
2- a mobilidade cognitiva/imaginária (pensamentos, sonhos, religião)
imaginação
3- a mobilidade virtual/informacional midias móveis

Esta última vem potencializando as práticas culturais do nosso tempo.
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Dos meios de comunicação doméstica à conexão generalizada
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Se analisarmos a emergência dos meios de comunicação domésticos anteriores a internet, já contávamos com mídias móveis, a exemplo do rádio de pilha, que permitiu que carregássemos o som em nossos corpos para além do som controlado nos aparelhos fixos de casa. Se voltarmos um pouco mais na história, podemos citar os livros e outros impressos (jornais, revistas) também como exemplos de mídias móveis. O que muda com a cibercultura é que mais que a portabilidade das mídias nas cidades, temos a nosso favor a conectividade com o ciberespaço e neste com as cidades.
Em tempos mobilidade e de conexões generalizadas e em rede, podemos compartilhar e acessar simultâneamente vários lugares. Estamos diante da potencia da ubiqüidade. Nos esclarece Santaella “a ubiquidade destaca a coincidência entre deslocamento e comunicação, pois o usuário comunica-se durante seu deslocamento. A onipresença, ao contrário, oculta o deslocamento e permite ao usuário continuar suas atividades mesmo estando em outros lugares”. (Santaella, 2010, p. 17).
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Mais acessos a mobilidade conectada
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Segundo Ferrari (2007), o crescimento da comercialização de notebooks, laptops, celulares e PDAs (Personal Digital Assistants), aliado aos avanços vertiginosos das operadoras de telefonia, integradores e provedores de aplicações, conteúdo e serviços, coloca o Brasil, ao lado da China, em uma projeção de crescimento acima de 50% ao ano para o setor móvel. V

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Convergência de mídias: potenciais da mobilidade______________________________
A convergência midiática não é uma noção exclusiva da cibercultura. Se analisarmos do ponto de vista da linguagem podemos situar os meios impressos como primeiros exemplos. Num texto de jornal, por exemplo, já contamos com uma infinidade de linguagens (textos, imagens, gráficos) numa mesma interface. Os meios audiovisuais avançam para a integração de textos, imagens e sons num mesmo suporte a exemplo do cinema e da TV. Por outro lado, é na cibercultura que chegamos ao ápice da convergência de mídias. O celular ou tablets mais atuais integram num mesmo suporte diversas mídias (câmera fotográfica, filmadora, gravador de som, web com suas interfaces e redes sociais) e estas com o ciberespaço com as cidades (aqui já temos um plus em relação aos dispositivos móveis, as mídias locativas).



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Case 1: o social se apropriando da mobilidade conectada
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Em abril de 2010, o Brasil acompanhou durante pelo menos dois dias alguns constrangimentos sofridos na cidade do Rio de Janeiro por conta do mal tempo geográfico. Cidadãos cariocas inundaram a internet e as redações das agências de notícias com imagens (estáticas e dinâmicas – fotos e vídeos) tiradas com seus dispositivos móveis. O fenômeno chamou tanta atenção que virou notícia “Internautas e vídeos colaborativos” num programa de TV por assinatura, “Entre Aspas” da Globo News (Ver link: http://globonews.globo.com/platb/entreaspas/2010/04/08/internatas-e-videos-colaborativos/ ). Fenômeno similar aconteceu no inicio do ano de 2011 com a tragédia sofrida por moradores da região serrana do estado do Rio de Janeiro. O mundo acompanhou a tragédia e seus desdobramentos nas cidades e no ciberespaço em diversas interfaces, repositórios e redes sociais online. Vejam a segui um exemplo:


case

Um cidadão comum fotografou a cidade no momento da tragédia, produziu um vídeo com o material fotográfico e o fez circular na rede através do repositório de imagens e rede social Youtube. Este vídeo chamou nossa atenção também pelo fato do autor, Rodrigo, deixar a sua assinatura na forma do seu endereço eletrônico ( rodrigofs2904@hotmail.com), demarcando assim não só a autoria do artefato, como também deixando o canal de comunicação aberto com seus possíveis interlocutores. Aqui temos um exemplo concreto de que os praticantes na e da cibercultura entendem a “liberação do pólo da emissão” para além da lógica da difusão da informação, mas também como possibilidade concreta de comunicação em rede.

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Case 2: Educando com os potenciais da mobilidade
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Aprendendo com o cinema: para além dos muros da escola

Entre os muros da escola
Nos espaços de formação de professores é comum o uso de narrativas cinematográficas para a promoção de debates, análises e atividades que ilustrem práticas pedagógicas ou “modelos” de professores obstinados pela docência. Quem já não discutiu “Sociedade dos Poetas Mortos”, “Ao mestre com carinho” e até mais recentemente “Escritores da Liberdade”? Quem não teve oportunidade de assistir, pelo menos, já ouviu falar...

Em “Entre os muros da escola”, estudantes de e com culturas e atitudes plurais contribuem para tornar a sala de aula uma arena onde a diferença é o principal instrumento do debate-embate. O exercício da alteridade, do aceitar e ser aceito pelo outro é um dos principais argumentos desta narrativa cinematográfica. François, o personagem-professor, também é protagonista no exercício da alteridade. (Santos, 2010). Mas não é exatamente sobre o conteúdo geral da narrativa que queremos destacar aqui. Queremos ressaltar o uso do celular como dispositivo móvel, promotor da autoria do aluno. Este artefato cultural, muitas vezes é proibido na escola.Uma pena...
Com os potenciais da mobilidade, a sala de aula convencional pode e deve sofre mudanças em sua arquitetura, nos modos e nos meios de comunicação e nas prática pedagógicas. Vejamos cena do filme onde o professor aproveita a autoria do aluno estruturada pelo celular.
Cena 1- "professor solicita tarefa do auto-retrato" -
Cena 2 - "cena no laboratório de informática - autoria do aluno com celular" -
***Vale a pena locar o filme e assistir por completo. Marque , se possível, um encontropresencial com seuscolegas de turma e assistam juntos! Bom filme!
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Convite ao fórum de discussão online
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Conforme vimos no trecho do filme "Entre os muros da escola", o aluno criou seu “auto-retrato”, atividade proposta pelo professor, protagonista da narrativa, utilizando o celular (recursos de fotografia) para registrar seu cotidiano de forma autoral e singular. Perguntamos:
  1. Que outras situações de aprendizagens poderão ser promovidas com as mídias móveis na escola e nas cidades?
  2. Que tal compartilharmos outras experiências com uso da mobilidade?
  3. Como você pensa em desenvolver situações de aprendizagem que lancem mão dos potenciais da mobilidade?
  4. Que tal aproveitar os debates online para cocriarmos um “banco” de atividades e projetos didáticos que utilizem dispositivos móveis?
Concluindo para acessarmos outras conexões
Enfim, estas e outras questões não precisam ser respondidas agora. Mas poderemos com elas desenvolver outras discussões em nossos espaços móveis de educação, na escola, nas cidades e no ciberespaço. Vamos agora debater em nosso fórum de discussão online? Sua docencia online e os colegas de turma esperam por você. Vamos ao debate!
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Referenciais
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ARDOINO, J. Para uma pedagogia socialista. Brasília: Editora Plano, 2003.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1: artes de fazer. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.
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LEMOS, A. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina. 2002.
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LEMOS, R. Web 2.0: compreensão e resolução de problemas. Rio de Janeiro: FGV On-line, 2006.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Ed. 34, 1996.
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MACEDO, R. S. A etnopesquisa crítica e multirreferencial nas ciências humanas e na educação. Salvador: EDUFBA, 2000.
SANTOS, Edméa. O. Os docentes e seus laptops 2g: desafios da cibercultura na era da mobilidade In: Challenges – VI Conferância Internacional de TIC na Educação, 2009, Braga - PT. Actas da VI-VI Conferência Internacional de TIC na Educação: aprendizagem (in)formal na Web Social. Universidade do Minho, 2009.
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SOARES, M. Conceição S. A comunicação praticada com o cotidiano da escola: currículos, conhecimentos e sentidos. Vitória: Espaço Livros, 2009.
SODRÉ, Muniz. Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

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